sexta-feira, 9 de maio de 2014

FIT NA OFENSIVA


ALTA RODA, Fernando Calmon




Quem olha mais distraído pode ter falsa sensação de que o novo Fit é apenas uma evolução modesta do anterior. Ledo engano. Além de todos os painéis de carroceria terem mudado, perdeu o ar de carro comportado demais. Não desperta paixões esportivas, é verdade, mas alguns vincos ousados e entradas e saídas de ar (falsas) nos para-choques pegaram bem. Meio termo entre hatch e monovolume – aqui a Honda estimula o segundo enquadramento por ter menos concorrentes – o Fit pode significar mais do mesmo sem a conotação negativa desse termo.


No total há seis versões, da DX a R$ 49.900 à EXL (automática) por R$ 65.900. O preço foi e sempre será puxado pela própria filosofia construtiva do fabricante. Na média, os preços não subiram. Embora a versão de topo aponte para compacto a preço de médio (ao contrário de Logan ou Cobalt, por exemplo), oferece mais equipamentos que a anterior. Além de agora ter alcançado nota máxima (Inmetro A) em economia de combustível, o fabricante prevê passar de quatro para cinco estrelas nos testes de impacto (Latin NCAP). Isso tudo não vem de graça, como a velha história dos ovos e da omelete.

Continua lá a brilhante solução do tanque de combustível sob os bancos dianteiros. O tanque foi alargado e rebaixado (perdeu um litro de volume) para aumentar espaço para os pés dos passageiros de trás. Estes, aliás, ganharam 8 cm para os joelhos graças ao aumento de 3 cm na distância entre-eixos, mudanças na suspensão traseira e redução do porta-malas em 21 litros (ainda há bons 363 litros). Ao retirar os apoios de cabeça dianteiros, os encostos dos bancos reclinam 180° e se nivelam perfeitamente ao assento traseiro, como um leito. Pode-se transportar uma bicicleta sem remover a roda dianteira.

Até na versão superior de acabamento há plásticos duros em excesso no seu interior. Apenas onde roçam os cotovelos nas laterais de porta existe revestimento. Regulagem do encosto do banco do motorista ficou bastante precisa. Tela de cinco polegadas com câmera de ré nas versões mais caras não deveria excluir ar-condicionado digital. Involução clara foi substituir freio a disco traseiro pelo a tambor, cuja única vantagem é manutenção mais em conta.

Boa providência foi extinguir o motor de 1,4 L. O de 1,5 L (116 cv/15,3 kgf∙m – etanol) não se enquadra como bom flex por ter potência e torque praticamente idênticos com gasolina. A fábrica alega ter privilegiado consumo. Pelo menos a partida em dias frios dispensa gasolina graças a injetores aquecidos eletricamente. Como o carro perdeu até 60 kg de massa total e melhorou 13% no coeficiente aerodinâmico (Cx), ganhou em agilidade, embora a Honda continue sem informar dados de desempenho, ao contrário da Europa.

Uma surpresa: a evolução marcante do câmbio automático CVT. Cessou aquela sensação desagradável de patinagem contínua e motor sempre em altas rotações. Reações ao acelerar ficaram bem parecidas a um automático convencional. Mesmo sem marchas virtuais, o comportamento muda nitidamente com as opções S e L na alavanca seletora.

Previsão é o Fit passar, até o fim do ano, a carro-chefe da marca, que fará retoques no Civic em junho, terá um novo City em meados do segundo semestre e o Civic Si, no último trimestre.

RODA VIVA

TOYOTA bateu o martelo e não deixará (de novo) o Civic sozinho na faixa de consumidores que apreciam respostas vigorosas do pedal direito. Para enfrentar a volta da versão Si do rival apelará, da mesma forma, para importação restrita do Corolla Furia. Nome pode ser exagerado (talvez mude quando chegar), mas se baseará no modelo vendido nos EUA.

ESTE parece ser o ano do Japão no Brasil e não da Alemanha, no programa de intercâmbio mercadológico entre países. Além da renovação total de produtos da Honda, Nissan lança este mês novo March, novo Versa estreia no segundo semestre (ambos em sua fábrica recém-inaugurada) e Mitsubishi começa a produção nacional do Lancer em setembro próximo.

COMO é a sensação de rodar a 120 km/h, conta-giros a pouco menos de 2.000 rpm e economizar até 11% de combustível? Cativante, pode-se afirmar, no Range Rover Evoque com inédito (no Brasil) câmbio automático de nove marchas. Land Rover ainda reduziu os volumosos espelhos externos, somou sistema desliga-liga ao motor, controle de cruzeiro adaptativo e outros mimos.

PLÁSTICO reforçado por fibra de carbono terá preço reduzido em mais de 70% nos próximos anos e rivalizará com alumínio e aços leves na construção de veículos. Previsão da SGL, empresa alemã sócia de BMW e VW. No mundo ávido por redução de massa para economizar combustível, aquele material extremamente leve e resistente é escolha natural.

CUIDADO com ofertas de socorristas que trazem peças para aparente e conveniente substituição em caso de pane. Nem sempre a troca é necessária. Motoristas sentem-se aliviados por ter o problema resolvido e, em geral, não cobram explicações. Seria bom as seguradoras, que oferecem esse serviço, ficarem atentas ao selecionar esses prestadores de serviço.

Fernando Calmon, engenheiro e jornalista especializado desde 1967, quando produziu e apresentou o programa Grand Prix, na TV Tupi (RJ e SP) até 1980. Foi diretor de redação da revista Auto Esporte (77/82 e 90/96), editor de Automóveis de O Cruzeiro (70/75) e Manchete (84/90). Produziu e apresentou o programa Primeira Fila (85/94) em cinco redes de TV. 

Sua coluna semanal sobre automóveis, Alta Roda, começou em 1999. É publicada em uma rede de mais de 100 jornais, revistas e sites. É correspondente para o Mercosul do site inglês just-auto. Além de palestrante, exerce consultoria em assuntos técnicos e de mercado na área automobilística e também em comunicação.

fernando@calmon.jor.br e www.twitter.com/fernandocalmon

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