sexta-feira, 7 de outubro de 2016

COMPASS NO RUMO CERTO


ALTA RODA, Fernando Calmon


A Jeep, marca do Grupo FCA, tem uma missão definida para o Compass, seu novo SUV médio-compacto: vender de 2.000 a 2.400 unidades por mês quando a produção estiver estabilizada. Naturalmente conta com alguma recuperação do mercado brasileiro em 2017. A grade de preços ficou competitiva, entre R$ 100.000 e 150.000, dividida em três níveis de acabamento e motores flex (um novo 2-litros ainda sem dados técnicos liberados) e diesel (170 cv, 4x4 e câmbio automático de nove marchas).


Terá três concorrentes diretos de produção local: Hyundai ix35, Mitsubishi ASX e o Renault Captur (este será lançado logo depois, em dezembro). Há também produtos com menos chance de competir em razão de cotas e imposto de importação como Honda CR-V, Toyota RAV4 e VW Tiguan. O Renault Koleos também pode entrar na briga numa faixa pouco acima.

Seu estilo coloca-se entre o ousado demais Cherokee e o algo mais tradicional Renegade. Embora lembre o Grand Cherokee, tem recurso interessante do leve caimento da linha do teto, a exemplo do muito copiado Land Rover Evoque. Há guias de LEDs, mas não se trata de luzes de uso diurno (DRL). Seu interior ficou espaçoso com 2,64 m de entre-eixos e volume de porta-malas conveniente (410 litros, que caem para 388 com estepe mais volumoso da versão de topo Trailhawk).

Um dos destaques do Compass (bússola, em português) é a oferta de itens eletrônicos em geral não encontrados nessa faixa de preço: controle de adaptativo de velocidade, monitoramento de mudança de faixa, farol alto automático e prevenção de colisão frontal com frenagem automática, entre outros. Pode vir com até sete airbags. Ajuste elétrico dos dois bancos dianteiros também é incomum. Por isso se estranha falta da aplicação automática do freio de estacionamento elétrico e a central multimídia sem tela capacitiva, nem possibilidade de pareamento com Android Auto/Waze.

Uma mudança bem perceptível foi no isolamento de vibrações e ruído do motor diesel, único disponível durante os primeiros contatos. O volante, em rotação de marcha-lenta, trepida menos do que o observado no Renegade e na picape Toro, todos com o mesmo conjunto motriz. A calibração da direção eletroassistida poderia ser mais firme em velocidade típica de estrada. Como o Compass tem massa superior em 88 kg ao Renegade, afetou um pouco acelerações e retomadas, o que não é o ideal considerando seu preço superior.

A diferença, porém, deve ser para melhor com o motor flex, que responderá por 70% das vendas, segundo estimativas da Jeep. Será uma unidade motriz mais moderna, de maior torque e potência, adequada ao porte do modelo. O Compass demonstra solidez marcante e capacidade fora de estrada superior, embora esta não seja uma característica que possa definir a razão de compra da maior parte dos interessados em SUVs e crossovers.

Para essa robustez existe contrapartida em termos de peso total, desempenho e até de visibilidade dianteira em razão de colunas mais espessas que o usual. Também é preciso ver que versões mais caras do Renegade terão superposição de preço com o Compass. Então, não haveria relação de ganha-ganha tão explícita em termos de participação de mercado.

RODA VIVA

PRIMEIRO motor de três cilindros e 1,5 litro fabricado no Brasil estreia no EcoSport reestilizado, no primeiro trimestre de 2017. Fonte desta Coluna indica potência de 130 cv, suficiente também para o Focus hatch. Conhecido como Dragon, terá versão turbo (não de início), sucessor natural do EcoBoost. O SUV compacto receberá câmbio automático convencional, no lugar do automatizado atual.

ABERTURA remota das portas por meio de aplicativo e conexão Bluetooth em smartphones ganhará maior confiabilidade. Francesa Valeo e holandesa Gemalto anunciaram parceria para o sistema virtual de chaves de carro alcançar um alto nível de segurança de comunicação e armazenamento em nuvem. Espera-se, assim, diminuição de furto de veículos.

NISSAN Sentra mostra atributos de boa dirigibilidade, em particular pela suspensão e direção eletroassistida bem calibradas, além de linhas revitalizadas. Volante, de novo desenho, manteve o incômodo sistema de regulagem de altura tipo “queda-livre”. Combinação de motor 2-litros (140 cv, apenas) e câmbio CVT tem respostas ao acelerador um pouco lentas.

TOYOTA lança no Japão, no final do ano, um pequeno boneco (10 cm de altura quando colocado de pé) para ser espécie de assistente pessoal eletrônico capaz de integrar informações do carro e de casa. Batizado de Kirobo Mini, tem chance de encantar público japonês – de adolescentes a adultos – tão ligado em robôs. Se bem aceito, pode ser exportado.

SEMPRE que se fala em catalisador confunde-se garantia de cinco anos ou 80.000 km contra defeitos de fabricação e perda de eficiência com a durabilidade efetiva da peça. Falhas de manutenção, combustível ruim ou danos externos podem até abreviar aqueles prazos. Mas um motorista atento fará o catalisador ter vida útil igual à do motor.


Fernando Calmon, engenheiro e jornalista especializado desde 1967, quando produziu e apresentou o programa Grand Prix, na TV Tupi (RJ e SP) até 1980. Foi diretor de redação da revista Auto Esporte (77/82 e 90/96), editor de Automóveis de O Cruzeiro (70/75) e Manchete (84/90). Produziu e apresentou o programa Primeira Fila (85/94) em cinco redes de TV. 

Sua coluna semanal sobre automóveis, Alta Roda, começou em 1999. É publicada em uma rede de mais de 100 jornais, revistas e sites. É correspondente para o Mercosul do site inglês just-auto. Além de palestrante, exerce consultoria em assuntos técnicos e de mercado na área automobilística e também em comunicação.

fernando@calmon.jor.br e www.twitter.com/fernandocalmon

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