sexta-feira, 10 de fevereiro de 2017

CHEVROLET ONIX LTZ 2017 - AVALIAÇÃO



Ele não é o maior, o mais potente, o mais econômico, o mais moderno ou o mais barato do segmento. Mas nos últimos 2 anos ele liderou as vendas no país, desbancando com folga modelos historicamente líderes e outros que o superam em vários aspectos. O segredo do Chevrolet Onix para chegar ao topo do ranking? EQUILÍBRIO.

A questão é que a maioria do público consumidor brasileiro, sem tantas opções no mercado e sem tanto poder aquisitivo, escolhe seus carros a partir da funcionalidade muito mais que pelo design ou desempenho. Carro bom é aquele que aguenta o tranco no trânsito urbano e na estrada, nas compras e nos passeios, gastando pouco combustível e com o máximo de itens de conveniência e segurança pelo menor preço possível. A gente sabe, porém, que é praticamente impossível conseguir o melhor disso aqui sem sacrificar aquilo ali.



Para qualquer quesito que a gente for avaliar vai haver um carro melhor que o Onix: o Ka 1.5, por exemplo, é mais econômico, o Sandero é maior, o HB20 é mais moderno, o March é mais barato e quase todos os concorrentes são mais potentes. Mas avaliando ponto a ponto a gente percebe que o Chevrolet não decepciona em nenhum aspecto e é por isso que ele se sobressai.



Para conseguir melhor aproveitamento energético do motor a GM trabalhou muito e fez mudanças profundas no Onix. O motor ganhou componentes mais leves ou de menor atrito, o câmbio manual ganhou mais uma marcha, a direção ganhou assistência elétrica, o gerenciamento elétrico e eletrônico mudou, a suspensão foi rebaixada 1 cm, a aerodinâmica foi otimizada, os pneus passaram a ser de baixo atrito e houve alívio de peso. Com isso as médias de consumo, segundo o Inmetro, passaram a ser de 12,5 km/l de gasolina* na cidade e 14,9 km/l na estrada, e durante nossa avaliação o computador de bordo chegou a marcar 16,2 km/l rodando a 120 km/h na Rodovia dos Bandeirantes. Pode não ser a melhor marca, mas não é nada mal.


Câmbio de 6 marchas deixou o Onix mais ágil em acelerações e retomadas

Falando em motor, os números não são muito favoráveis ao Onix. Os 106 cv de potência e 13,9 kgfm de torque o colocam atrás dos concorrentes, quase todos com propulsores que geram mais de 110 cv e 15 kgfm de torque. Por outro lado o Chevrolet é leve (1.042 kg) e, com as melhorias, se tornou um carro muito mais solto e gostoso de dirigir. O escalonamento do câmbio, que agora tem 6 marchas, ficou mais fechado e as primeiras ficaram mais curtas, garantindo agilidade em acelerações e retomadas de velocidade. Para se ter uma ideia, aceleração de 0 a 100 km/h é cumprida em cerca de 11 segundos. Como se não bastasse a suspensão rebaixada deixou o carro muito mais estável tanto em velocidade quanto em curvas, com uma qualidade de rodagem que se assemelha à de alguns carros mais caros.



As mudanças vieram em boa hora para o Onix, que não tem o projeto mais recente no segmento. O face-lift o deixou alinhado à linguagem de design atual da marca e, de quebra, o tornou mais bonito. Mais uma vez, mesmo não subindo ao topo do pódio no quesito beleza ele não desagrada a ninguém. Até quem prefere (sabe-se lá por quê) a versão antiga tem opção na linha com as versões Joy do hatch e do Prisma, que mantiveram o design antigo mas ganharam praticamente todas as melhorias técnicas dos novos modelos.



Praticidade também se encontra no Onix. Seus 2,53 de entre-eixos o levam à segunda colocação no segmento, com aproveitamento interno excelente para 4 pessoas - e, neste caso, o porta-malas de 280 litros, na média do segmento, é suficiente para viagens curtas. Ele é largo o bastante para que mais um passageiro viaje no banco de trás, mas o túnel central atrapalha a acomodação das pernas e não há encosto de cabeça ou cinto de segurança de 3 pontos para quem vai no meio. Por outro lado a cabine do Onix, especialmente na versão LTZ, trata bem os ocupantes. Além do silêncio acima da média a bordo, o acabamento é bom, os bancos são revestidos parcialmente em couro de boa aparência e num esquema de cores que traz requinte para o ambiente, e a oferta de equipamentos de série é bem interessante.


Central multimídia MyLink é uma das melhores e mais intuitivas do segmento

Dentre os principais itens estão a central MyLink, intuitiva e compatível com Android Auto e Apple CarPlay, OnStar com concierge, socorro mecânico, diagnóstico de diversas funções do carro, rastreamento e bloqueio, sensor de estacionamento traseiro, sistemas "Leve-me" (acendimento automático de faróis e lanternas a partir do destravamento de portas) e "Siga-me" (temporizador de faróis após o travamento do carro), computador de bordo, bancos e volante revestidos em couro e vidros elétricos com one-touch para subir e descer nas 4 portas.



O preço do Onix LTZ manual, que não tem opcionais a não ser o câmbio automático (que traz consigo o cruise-control), tem preço ligeiramente acima da concorrência, mas não tanto que o torne uma má compra. A Chevrolet indica, no site, o valor de R$ 55.750,00 com pintura sólida. A título de comparação preparamos uma lista com os principais concorrentes do Onix, seus preços, vantagens e desvantagens.



- O Fiat Palio Essence 1.6 16v custa R$ 54.320,00 com o Kit Creative 1, que inclui rodas de liga leve, parafusos anti-furto e aerofólio. Não tem central multimídia ou sensores de estacionamento, há menos cuidado no acabamento e ele bebe mais, apesar de mais potente.
- O Ford Ka SEL 1.5 16v custa R$ 53.890,00. Tem a vantagem de trazer controles de tração e estabilidade, além de, como o Onix, se comunicar imediatamente com serviços de emergência em caso de acidente. É mais potente e econômico, mas o design não é unanimidade e ele também não traz central multimídia.
- O Nissan March SL 1.6 16v, que custa R$ 54.990,00, tem ótimo desempenho e boa dirigibilidade, além da central multimídia mais completa do segmento e, como o Onix, direção com assistência elétrica. Seus defeitos, porém, são muitos: as funções do computador de bordo ainda são acionadas por botão plástico no painel, o acabamento é ruim, os bancos não acomodam bem, o nível de ruído é maior, o painel tem iluminação fraca mesmo à noite e ele bebe mais.
- O Renault Sandero Dynamique 1.6 16v SCe tem preço sugerido de R$ 55.200,00, sendo pouca coisa mais barato que o Onix. Além do novo motor, que trouxe também Start-Stop, o Sandero tem uma lista de itens de série bem completa, que inclui central multimídia, cruise-control e capô sustentado por amortecedores em vez de uma vareta. Mas ele deixa a desejar na ergonomia, o acabamento é inferior e a estabilidade não é das melhores.



CONCLUSÃO

Mesmo não sendo o melhor nos principais quesitos analisados pelo comprador de um compacto o Chevrolet Onix LTZ é muito bom em praticamente todos eles. Sua pretensão não é ter desempenho esportivo, consumo de híbrido, espaço de hatch médio e acabamento de luxo, mas não se pode reclamar de nada. Por tudo o que oferece seu preço está longe de ser extorsivo. Não é de se admirar o fato de ser líder: ele merece.

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