quinta-feira, 11 de maio de 2017

NISSAN KICKS SV CVT x HONDA HR-V LX CVT




Tem cerca de R$ 85 mil para gastar num SUV? Duas das melhores opções são o Nissan Kicks SV, que traz bom acabamento e um ótimo pacote de itens de série, e o Honda HR-V LX, que mesmo nesta versão traz melhor desempenho e a confiabilidade mecânica típica da marca. Ambos foram testados com transmissão CVT com 7 marchas virtuais (única disponível no Nissan e opcional no Honda, que também pode ser encomendado com o raríssimo câmbio manual de 5 marchas) e a diferença de preços entre eles é de apenas R$ 1.900,00.


O HR-V traz motor 1.8 16v de 140 cv e 17,4 kgfm de torque...

...enquanto o Kicks é empurrado por um 1.6 16v de 114 cv e 15,5 kgfm

O páreo é duro: com exceção dos motores (1.8 16v de 140 cv e 17,4 kgfm para o Honda e 1.6 16v de 114 cv e 15,5 kgfm) seus perfis são muito parecidos. Para se ter uma ideia, altura (1,59 m), comprimento (4,29 m) e entre-eixos (2,61 m) de ambos são iguais, enquanto o Honda ganha do Nissan apenas por 1 cm na largura (1,77 m contra 1,76 m) e 5 litros no porta-malas (437 contra 432), sendo ainda mais pesado (1.265 kg contra 1.142 do Kicks).



Mas é exatamente pelo fato de ter melhor relação peso x potência (9,03 kg/cv) e peso x torque (72,70 kg/kgfm) do que as do Kicks (10,01 kg/cv e 73,67 kg/kgfm), que o HR-V ganha o primeiro embate, sendo sempre superior em acelerações e retomadas. Mas não se pode tirar o mérito da Nissan em relação ao Kicks porque tanto a contenção de peso quanto o excelente acerto de câmbio fazem este SUV parecer realmente mais potente do que é, não sendo tão ágil quanto o Honda mas não deixando a desejar nas diversas situações de trânsito do dia-a-dia.



Apesar das dimensões muito semelhantes o Honda passa à frente quando o assunto é aproveitamento de espaço, característica herdada do Fit, de quem deriva. Com o mesmo entre-eixos ambos acomodam bem na frente, mas o espaço para as pernas no banco traseiro é melhor no HR-V, que conta ainda com o prático sistema ULT de rearranjo de bancos para poder acomodar cargas mais compridas ou mais altas. O Nissan Kicks não é apertado, mas pessoas mais altas podem raspar as pernas nos encostos dos bancos dianteiros caso esses estejam totalmente recuados. Quanto aos porta-malas, o Honda ganha o quesito não por ter mais espaço (5 litros a mais não faz diferença), mas por ter vão de acesso mais baixo e degrau menos proeminente. Acomodar bagagens ali é, então, mais fácil.

O Honda traz imitação de couro no console e portas, mas o restante da cabine é simples demais

Mais espaçoso, porém, nem sempre indica mais confortável. Mesmo com predominância de plástico e tecido na cabine, o ambiente interno do Kicks é mais interessante, com aparência geral mais jovial. No HR-V nem mesmo o revestimento em material sintético que imita couro no console central e nas portas é suficiente para eliminar a impressão de simplicidade, incoerente com o preço que se cobra pelo carro. Os bancos, por exemplo, são de tecido em ambos mas no Kicks há diferentes texturas, enquanto o HR-V apresenta tecido em cor única e com textura padrão.

No Kicks, mesmo com predominância de plástico e tecido tanto layout quanto acabamento são melhores

A qualidade de rodagem do Nissan também é melhor, ainda que o Honda não seja ruim. Neste, a suspensão é mais equilibrada e macia que no Fit, com resultado competente quanto à filtragem de imperfeições e curvas. A direção elétrica, porém, poderia deixar o carro menos solto e oscilante em velocidade, ainda que isso não represente insegurança: controles de tração e estabilidade são de série. Já o Kicks, que também tem as babás eletrônicas, acrescenta controle dinâmico de chassi à suspensão e consegue, com isso, curvas feitas de forma quase neutra e com pouca inclinação da carroceria, além de uma filtragem de imperfeições que lembra a de veículos mais pesados e sólidos. Por fim, a direção elétrica no Nissan assume, em velocidade, peso mais adequado e deixa o carro mais "na mão".



O que há de mais discrepante entre o HR-V LX e o Kicks SV é a lista de equipamentos de série de ambos. Os R$ 86.800,00 que a Honda pede pela versão incluem ar condicionado analógico, vidros elétricos com one-touch nas 4 portas, volante multifuncional, travas elétricas e alarme com acionamento pela chave, retrovisores externos com comandos elétricos, rodas de liga com aro 17, rádio com Bluetooth e entradas auxiliares, computador de bordo, sistema ULT de rebatimento de bancos traseiros, freios a disco nas 4 rodas com ABS e EBD, airbag duplo e controles de tração e estabilidade, além de, exclusivamente, freio de estacionamento eletrônico e auxílio de partida em rampas.


Já a Nissan pede R$ 84.900,00 pela versão SV de seu crossover. Nela o ar condicionado é automático digital, a chave é presencial, a partida do motor é por botão no console, o computador de bordo é bem mais completo e com tela bem maior, há faróis de neblina e uma central multimídia com rádio, streaming de áudio, entradas auxiliares, Bluetooth e GPS, o volante multifuncional é revestido em couro e tem base reta, e há, além dos controles de tração e estabilidade, controle dinâmico de chassi configurável. Vidros elétricos com one-touch nas 4 portas, alarme, retrovisores externos com comandos elétricos, rodas de liga com aro 17, banco traseiro bipartido (1/3 e 2/3), airbag duplo e freios com ABS e EBD são comuns a ambos, mas é inegável que o Kicks entrega mais por menos.


Concluindo, o Honda HR-V não é um carro ruim. Tem bom motor, desempenho condizente e mais espaço, além de oferecer aos clientes um padrão de atendimento superior no pós-venda. Acontece que a Nissan mandou bem com o Kicks: um crossover derivado de um compacto que roda como um carro maior, tem desempenho surpreendente considerando seu motor, carrega uma lista de itens de série muito interessante em relação ao seu preço e, nesta versão, ainda traz bom acabamento, design interno jovial e espaço suficiente para a estatura média do consumidor brasileiro. Ganha com folga nosso comparativo.

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