quarta-feira, 13 de setembro de 2017

VW GOLF VARIANT COMFORTLINE - AVALIAÇÃO


Fotos: Rodrigo Fernandes / Divulgação



A versão Variant do VW Golf é underdog. Ela concorre, em sua versão de entrada, com quase todas as versões de topo dos SUVs compactos do mercado, enquanto a versão Highline esbarra em preço nos sedãs médios mais luxuosos e equipados. E se tem carro que o povo quer hoje é SUV e sedã.

Mas o Golf Variant é bem mais que um Golf com bunda. Ainda que na cabine praticamente nada mude em relação ao hatch o feeling que a gente tem ao volante é completamente diferente. A posição de dirigir, se o motorista quiser, pode ser bem esportiva, banco baixo, direção próxima ao corpo e pernas esticadas, mas a perua é mais pesada e assentada que o hatch - arriscamos dizer, até, mais equilibrada em curvas. É isso, aliás, que torna o carro mais interessante, sob o ponto de vista dinâmico, que os SUVs compactos.



A força do motor 1.4 TSI contribui bastante pra essa pegada esportiva. Os 25,5 kgfm de torque chegam cedo, ali por volta das 1.800 rpm, e se mantêm até giros altos para garantir que seus quase 1.330 kg arranquem e retomem velocidade com competência. Os 150 cv levam o carro, segundo a VW, até os 207 km/h. E tem start-stop, que ajuda a deixar o carro mais econômico. Mas sabe o que poderia ser melhor? O câmbio.



Nos primeiros Golf desta geração trazidos para o Brasil a transmissão era DSG, automatizada de dupla embreagem e 7 marchas. Ruim é que fosse ruidosa, nada que prejudicasse seu funcionamento, mas o barulho que parecia de peças soltas dentro da caixa fazia muita gente pensar que havia defeito. A VW, tanto pra eliminar o problema quanto pra baratear a produção nacional, passou a equipar o hatch com câmbio Tiptronic, automático com conversor de torque e 6 velocidades - e a perua o herdou. Ele é bom no que diz respeito à suavidade das trocas, mas trabalha de maneira mais lenta que o DSG. Não fosse isso o Golf Variant seria ainda mais ágil, pra não dizer irresistível pra dirigir.



Tá, mas a gente é suspeito porque gostamos de peruas. Em carro familiar o feeling esportivo é um plus; precisa mesmo é ser prático. Não é que o Golf Variant não seja, é que neste quesito ele é mais Golf que Variant. Se praticidade fosse medida só pelo porta-malas a perua seria melhor que qualquer SUV ou sedã: são 605 litros de capacidade. Mas espaço atrás não é tudo.


Interior da versão Highline

A ergonomia é excelente, mas ainda não é perfeita. O acesso a todos os comandos é intuitivo e imediato, mas nem tudo é fácil de acessar - como o nicho à frente da alavanca de câmbio (e atrapalhado justamente pela mesma), onde cabem carteira, celular e alguma outra bugiganga. Há porta-copos, mas somente na frente. As portas têm porta-objetos, o descanso de braço entre os bancos dianteiros também, há uma gaveta abaixo do banco do motorista e o porta-luvas tem tamanho padrão, mas não há mais bandejas, nichos e vãos onde se possa colocar a tralha das crianças, por exemplo. Carro familiar que se preza tem que ter lugar pra todo mundo apoiar o piquenique a bordo.



Falando ainda em porta-malas, o que é bênção por um lado é maldição por outro. A Volkswagen tem isso de projetar carros com design conservador - que ela chama de durável, sólido, sei lá - que não agradam a quem busca o arrojo das linhas dos SUVs mais recentes no mercado. Ainda, outra vez, que a gente seja fã de peruas, nossa opinião não é igual à de 90% das pessoas que opinaram sobre a aparência externa do Golf Variant. "Parece mais velho do que é", disse a maioria.

Talvez por isso, e não somente por não estar na moda, somente 475 unidades saíram das lojas entre janeiro e agosto deste ano, quase 4 vezes menos que o JAC T5, SUV compacto menos vendido do mercado, que é chinês e ainda sofre preconceito por isso. Menos mal que os poucos compradores levaram pra casa um carro não só com muito espaço pra bagagens e excelente desempenho, mas também com uma lista de equipamentos respeitável.



A versão Comfortline que ficou conosco custa a partir de R$ 97.020,00. Sim, como a gente disse é preço de SUVs compactos topo-de-linha, que são mais equipados. Quem escolher o carro sem opcionais vai levar:
- bancos revestidos em tecido;
- direção elétrica (um pouco pesada em manobras) com coluna ajustável em altura e profundidade;
- volante multifuncional revestido em couro;
- ar condicionado analógico com saídas para o banco traseiro;
- retrovisores com comandos elétricos, tilt-down e aquecimento;
- vidros elétricos com one-touch pra todo mundo;
- travas elétricas;
- central multimídia com tela de 6,5 polegadas e sensor de aproximação;
- sensor de pressão dos pneus;
- banco traseiro com 3 encostos de cabeça, 3 cintos de 3 pontos, Isofix e Top Tether;
- sensores de estacionamento dianteiros e traseiros;
- controles de tração e estabilidade;
- assistente de partidas em rampas;
- bloqueio eletrônico do diferencial;
- 7 airbags;
- ABS com EBD.



Do jeito que estava, com pintura metálica (R$ 1.432,00), teto solar panorâmico elétrico (R$ 6.200,00) e pacote Exclusive (sistema Discover Media com comando de voz e App-Connect, sensores crepuscular e de chuva, shift-paddles, retrovisor interno eletrocrômico e rodas de liga de 17 polegadas - R$ 10.261,00) o preço sobe para R$ 114.913,00. Agora é preço de sedã topo-de-linha, que também podem ser mais equipados. Ah, e se você quiser pular de versão e levar a Highline, tenha em mente que o carro completo - que, sim, vem equipado pra caramba - tem preço beirando os R$ 146.000,00. CENTO E QUARENTA E SEIS MIL. Ouch.



COMPENSA?

Só pra quem não abre mão de um carro familiar com dinâmica mais apurada e mais desempenho. Se a gente for pensar pelo lado puramente racional da coisa, design e equipamentos ajudam não só a vender, mas a revender também. O Golf Variant é delicioso de dirigir e leva coisa pra caramba lá atrás, mas é caro, menos equipado que os carros da moda e não se ajuda nem pelo design, conservador demais. 

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