sábado, 9 de dezembro de 2017

RENAULT KWID INTENSE - AVALIAÇÃO



Sim, eu coube num Kwid. Vá lá, não é o ambiente mais espaçoso da face da terra, mas ainda que falte ajuste de altura do banco do motorista e a coluna de direção não se mexa, não senti falta de espaço para as pernas e os braços ficaram em posição correta na hora de dirigir. Mas que fique claro: o Kwid é um carro para "brothers", que não se importam em viajar bem próximos e com alguns esbarrões de ombros às vezes. E é bom que apenas crianças viajem atrás com o banco totalmente recuado, como foi o caso. O assoalho quase plano resolve parte do problema de espaço atrás, mas como não há milagre só 2 pessoas se acomodam bem ali, e desde que os ocupantes da frente não tenham mais que 1,80 m de altura. 



Aliás, o Kwid, com seu 1,57 m de largura e cintos de 3 pontos somente para os ocupantes das laterais do banco traseiro (e olha que na versão Intense há 3 encostos de cabeça reguláveis) já deixa claro que seu forte é levar mesmo 4 passageiros, não 5. Podem até levar um pouco mais de bagagem, porque o porta-malas é o campeão do segmento, com 290 litros. Mas essas ausências, citando novamente a falta de ajustes da coluna de direção e de altura do banco, são algumas dentre outras várias que justificam o baixo preço do carrinho. Sim, porque se a lista de itens de série é recheada, alguma coisa tinha que sair pra baratear a coisa.
- Só há um limpador de para-brisa.
- Os discos de freio são sólidos, não ventilados.
- As travas das portas ainda têm pinos.
- Os comandos de válvulas do motor de 3 cilindros são simples, por isso a potência menor em relação ao 1.0 SCe do Logan e do Sandero.
- As rodas são presas com somente 3 parafusos cada.
- O para-sol do motorista não tem espelho.
- Não há iluminação para porta-luvas ou porta-malas.
- Os bancos dianteiros são inteiriços.
- Os comandos dos vidros elétricos não têm one-touch.
- Só há 2 alto-falantes na frente.
- As imagens da câmera de ré são de má qualidade - mas isso dá pra relativizar, porque servem só pra auxiliar manobras.


Em compensação, a montagem é bem feita e até surpreende, especialmente nesta versão. Os bancos são revestidos parte em tecido e parte em material que imita couro, com apliques brancos repetidos em faixas nas portas, e até a chave-canivete é bacana, com desenho e acabamento melhor que os de outros Renault, além de contar com os comandos das travas, alarme e abertura elétrica do porta-malas. O painel é todo de plástico, com layout clean e sem rebarbas. E a lista de itens de série é ainda mais recheada: ar condicionado, direção elétrica, vidros com comandos elétricos para as portas dianteiras, retrovisores com ajustes elétricos, faróis de neblina, computador de bordo, central Media Nav 2.0 com GPS e câmera de ré e calotas com pintura escurecida que imitam rodas de liga leve, com resultado bem convincente.


Desde a versão de entrada, porém, o Kwid vem equipado com Isofix no banco traseiro e 4 airbags, o que o diferencia dos demais subcompactos do mercado. O fato de ser produzido com materiais e processos diferentes do indiano também rendeu bons resultados no Latin N'Cap: a estrutura, formada de 70% de aço e 30% de aço reforçado, mais os airbags e o sistema de fixação de cadeirinhas no banco traseiro, deu ao Renault a pontuação máxima possível (3 pontos) na proteção para adultos e crianças em impactos frontais, com algumas ressalvas nos impactos laterais mas com resultado geral visto como "bom" pelo órgão, levando em consideração o fato de o Kwid ser um dos modelos mais acessíveis do mercado brasileiro. Além disso suas notas foram bem melhores que as obtidas por modelos como o Onix, o Ka e o Mobi, alguns de seus concorrentes.

Como anda?


A gente fica, de início, um pouco ressabiado com o fato de o motor 1.0 de 3 cilindros do Kwid produzir menos potência que seu similar usado na linha Logan. Por outro lado ele é leve (798 kg) e isso o coloca em patamares de aceleração muito próximos ao do VW up!, que é mais potente mas também mais pesado. E o consumo é ainda menor que o do concorrente. Para se ter uma ideia, rodando apenas com etanol e exclusivamente na cidade, conseguimos média (marcada pelo computador de bordo) de 10,9 km/l. A Renault divulga médias superiores a 18 km/l com gasolina na estrada, mas arriscamos dizer que, dirigindo de modo econômico, é bem possível superar essa marca e aumentar a autonomia, que não é tão grande por causa do tanque de apenas 38 litros. Com direção bem leve, manobrar o Kwid é moleza. A suspensão também se mostrou muito competente na filtragem de imperfeições, apesar de um pouco ruidosa, e firme o suficiente para não provocar sustos na estrada, ainda que o carrinho, alto e estreito, seja suscetível a ventos laterais.


A gente precisa, por outro lado, trabalhar bem com o câmbio para garantir essa agilidade. Não que isso seja problema, porque no carro testado os engates eram fáceis e sequinhos. Mas se tem uma coisa que irrita no Kwid é a aspereza e o ruído do motor. A referência que temos é a do up!, que tem funcionamento bem mais liso e mais revestimento acústico. Neste Renault a gente precisa realmente se acostumar com o volante, os pedais e até os bancos vibrando durante acelerações, e não adianta tentar usar o sistema de áudio para compensar o ruído do propulsor porque os 2 únicos e pouco potentes alto-falantes dianteiros deixam o som com uma qualidade que faz a gente pensar 2 vezes na hora de ligar o rádio.


A ergonomia poderia ser um problema se a gente fosse só analisar o posicionamento dos controles. Mas a cabine é compacta o suficiente pra gente não precisar esticar os braços para nada. Sendo assim, desde os botões do ar condicionado, que estão mais baixos, até o botão no painel que controla as informações do computador de bordo, tudo acaba ficando fácil de acessar por causa das dimensões do carro. Mesmo diminuto, porém, ele oferece um nicho de bom tamanho logo à frente da alavanca de câmbio, uma bandeja abaixo da alavanca do freio de mão, dois porta-objetos de bom tamanho nas portas e um porta-luvas imenso para o tamanho do carro, além, é claro, do bom porta-malas. Para quem precisa ou gosta de levar tralhas é uma mão na roda.

COMPENSA?


Para quem quer conforto, não. É que conforto não é só questão de espaço, mesmo para quem não é tão alto ou tão corpulento. A falta de isolamento acústico, de suavidade no funcionamento do motor ou de qualidade do sistema de áudio torna as viagens não tão boas para quem tem ouvidos mais sensíveis. Mas quem quer um carro tipicamente urbano, ágil, bem equipado, muito econômico e com excelente custo x benefício vai ver no Kwid uma excelente opção.


Nós o consideramos o sub-compacto de melhor relação entre custo e benefício vendido hoje no Brasil. A versão Life, de entrada, não compensa mesmo sendo tão barata (R$ 29.990,00): vem pelada demais. A versão Zen (R$ 34.990,00), intermediária, tem o básico para promover uma boa convivência com o carro: ar condicionado, direção elétrica, vidros com acionamento elétrico, os 4 airbags mais o Isofix e som opcional. Já a versão Intense avaliada custa só R$ 5 mil mais que a Zen e traz tudo o que a gente já citou. Qualquer outro modelo do mercado com a mesma lista de opcionais vai custar no mínimo R$ 45 mil, enquanto o Kwid Intense é tabelado em R$ 39.990,00. Vá nesta versão.

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